Villa Sassetti

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©Diego Delso (2019)
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©Robot8A (2022)
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©Hugo Ferreira (2022)
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©Chabe01 (2019)
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Villa Sassetti
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Introdução

A Villa Sassetti, em Sintra, é um refúgio escondido, repleto de romance e história. Aninhada nas colinas arborizadas, esta notável villa combina o estilo de um castelo lombardo com o charme português. Os seus jardins oferecem vistas panorâmicas da vila e do mar, enquanto a casa em si é um testemunho da amizade e da visão dos seus criadores. Vamos descobrir como a Villa Sassetti se tornou uma joia na paisagem cultural de Sintra, agora aberta a todos.

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Destaques Históricos

🏰 Um Sonho em Pedra

A Villa Sassetti, em Sintra, começou como o sonho de Victor Carlos Sassetti, um hoteleiro local, que desejava “um chalé na serra de Sintra – discreto, escondido entre as rochas”. Em 1885, encontrou o local ideal numa encosta arborizada, com vista para os palácios de Sintra e para o horizonte atlântico. Tendo em mente as suas raízes italianas, Sassetti pediu ao seu amigo, o arquiteto Luigi Manini, para projetar a villa. Manini, no início da sua carreira, inspirou-se nos castelos medievais da Lombardia, criando uma “fortaleza em miniatura” situada na natureza.

“É uma casa que não fere a paisagem, procura aperfeiçoá-la.”

— Historiadora Denise Pereira

🏡 Uma Villa Romântica Eclética

A construção desta villa revivalista começou em 1890 e terminou em 1894. A principal característica é uma torre de pedra de três andares com ameias, construída em granito local, rodeada por alas assimétricas. Manini usou janelas arabescas com arcos de ferradura em tijolo, acenando ao passado mourisco de Sintra. No interior, a decoração misturava azulejos mouriscos (baldosas de cerâmica pintadas), tapeçarias de seda e o brasão da família Sassetti. Mais notavelmente, a casa foi moldada para se adaptar à encosta, em vez de a dominar; os seus quartos modestos trocaram a grandiosidade pela harmonia com o ambiente.

“A perfeita simbiose entre o ambiente natural e o espaço construído.”

— Parques de Sintra

🌳 Trilhos de Jardim e Vistas Panorâmicas

Manini projetou o jardim como um palco romântico, traçando um caminho sinuoso entre carvalhos, citrinos, cascatas e lagos. A villa está escondida da estrada movimentada; apenas aqueles que se aventuravam pelo trilho descobriam vistas panorâmicas sobre a "planície saloia" (zona rural a norte de Lisboa) e, em dias claros, até Lisboa. Sassetti, sempre o anfitrião atencioso, garantiu que os caminhos fossem nivelados para que os hóspedes pudessem chegar “a cavalo de burrinho” – como era moda na época.

🏺 Camadas de História e Amizade

Após a morte de Sassetti em 1915, a villa mudou de mãos várias vezes. Acolheu Calouste Gulbenkian, famoso magnata do petróleo e colecionador de arte, de 1920 a 1955. Proprietários posteriores renomearam-na "Quinta da Amizade" – uma homenagem apropriada à duradoura ligação entre Sassetti e Manini. No século XXI, o local foi restaurado pelos Parques de Sintra. Hoje, a Villa Sassetti é admirada como uma "joia escondida", com jardins e um trilho pedonal aberto a todos.

💡 Dica para Visitantes

Desfrute de um passeio do centro da vila de Sintra até ao trilho da Vila Sassetti – é o percurso cénico e tranquilo até ao Castelo dos Mouros ou ao Parque da Pena, evitando a estrada principal movimentada.

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Cronologia e Contexto

Cronologia Histórica

  • 1885 – Victor Sassetti adquire terrenos na encosta norte de Sintra.
  • 1890 – O arquiteto Luigi Manini começa a projetar a Villa Sassetti e os jardins.
  • 1894 – Construção concluída; escritura de propriedade oficialmente registada.
  • Finais da década de 1890 – Villa ampliada com novos espaços habitacionais.
  • 1915 – Victor Sassetti morre; a villa é herdada pela sua esposa e filho.
  • 1920–1955 – Alugada a Calouste Gulbenkian, magnata do petróleo e colecionador.
  • 1955 – Vendida a Isabel Armanda Luísa Real; são adicionadas renovações e uma nova casa de caseiro.
  • 1979–1984 – Mais alterações de propriedade, algumas remodelações efetuadas.
  • 2004 – Adquirida pela Câmara Municipal de Sintra para benefício público.
  • 2011 – Transferida para a Parques de Sintra para restauro e conservação.
  • 2015 – Jardins e trilho reabertos ao público.

Castelos Lombardos num Contexto Português

O design da Villa Sassetti exemplifica vividamente o Revivalismo Romântico do final do século XIX, fundindo formas do norte de Itália com motivos portugueses e mouriscos. O uso de granito de Sintra, tijolo de terracota e arcos de janela mouriscos pelo arquiteto Luigi Manini reflete uma estética eclética cuidadosamente pesquisada. A sua experiência anterior em cenografia é evidente; Manini abordou a arquitetura cenograficamente, conseguindo uma "casa para ser vista de longe" e garantindo que cada detalhe contribuísse para um todo pitoresco. Esta abordagem situa a Villa Sassetti dentro de um movimento europeu que celebra o revivalismo medieval e a integração paisagística, paralelamente ao célebre Palácio da Pena de Sintra e a mansões contemporâneas como Biester e Regaleira.

Meio Sócio-Económico e a Ascensão dos Refúgios Privados

A visão de Victor Sassetti foi informada tanto pela sua fortuna pessoal como hoteleiro quanto pelas tendências sociais que varriam a elite de Portugal. No final do século XIX, Sintra floresceu como um campo de jogos para aristocratas, artistas e famílias empresariais ricas. Construir uma villa romântica simbolizava pertencer à paisagem histórica da região e abraçar ideais cosmopolitas. A abordagem de Sassetti foi notavelmente pouco ostensiva: ele preferia a privacidade e a harmonia com a natureza, contrastando com propriedades mais ostensivas. Os inquilinos posteriores da villa, especialmente Gulbenkian, adicionam camadas de história cosmopolita – Sintra como tesouro local e santuário internacional.

Restauro, Conservação e Proteção da UNESCO

A conservação da Villa Sassetti reflete valores mutáveis na gestão do património. A aquisição pelo conselho de Sintra e, posteriormente, pela Parques de Sintra assinalou uma viragem pública, tornando a casa e os jardins acessíveis e garantindo o seu futuro. Os trabalhos de restauro, elogiados pela sua autenticidade, inverteram as modificações insensíveis do século XX e reviveram a intenção do projeto paisagístico original, incluindo a restauração de caminhos, linhas de visão e elementos de água. A Villa Sassetti beneficia da inclusão na Paisagem Cultural de Sintra da UNESCO, concedendo-lhe camadas de proteção legal e simbólica – mas também obrigando os responsáveis a equilibrar o acesso dos visitantes, a gestão ambiental e os desafios de manutenção contínua.

Significado Comparativo e Base de Pesquisa

Academicamente, a Villa Sassetti oferece um estudo de caso em estética intercultural, formação de identidade e evolução do património. Faz parte da "segunda geração" de propriedades românticas de Sintra: menores do que os palácios reais, mas não menos ambiciosas na combinação de arte e natureza. Única entre os seus pares, ela estabelece uma ponte entre as sensibilidades italianas e ibéricas, servindo como um precursor dos trabalhos posteriores e mais extravagantes de Manini na Regaleira. A pesquisa baseia-se em arquivos municipais, documentos primários (como a escritura de 1894 e os obituários de 1915), análise do local e relatórios de restauro. Avaliações académicas (Pereira, Luckhurst, Canelas) confirmam a importância da villa na arquitetura doméstica da era romântica e o seu papel como um campo de testes para o estilo em evolução de Manini.

Relevância Contemporânea e Ligação Comunitária

Hoje, a Villa Sassetti ergue-se como um testemunho de amizade artística, sensibilidade ambiental e reutilização adaptativa. Os seus jardins – restaurados para evocar um "ambiente poético e onírico" – são frequentados por moradores e turistas, apoiando o turismo sustentável e reforçando a identidade da comunidade. O restauro do local demonstra as melhores práticas em paisagismo e conservação arquitetónica sob as pressões climáticas e económicas contemporâneas, enquanto os planos interpretativos prometem envolver ainda mais o público no património em camadas de Sintra. A história aqui contada está alicerçada em fontes de arquivo verificáveis e pesquisa atual, exemplificando como até mesmo locais "escondidos" podem desempenhar papéis fundamentais na nossa paisagem cultural partilhada.

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