Igreja de São Martinho

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Igreja de São Martinho
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Introdução

A Igreja de São Martinho em Sintra recebe os visitantes no coração da vila com a sua fachada impressionante e o seu passado rico em histórias. Fundada logo após a Reconquista, esta igreja paroquial é um testemunho vivo da evolução de Sintra, desde fortaleza medieval a Património Mundial da UNESCO. Entre e descobrirá relíquias da arte gótica, manuelina e barroca, bem como o calor de uma comunidade moldada por séculos de tradição.

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Destaques Históricos

Fundação e Raízes Medievais

A Igreja de São Martinho em Sintra remonta aos anos que se seguiram à reconquista cristã, fundada entre 1147 e 1154 pelo Rei Afonso Henriques. Começou como uma capela românica, parte da campanha do rei para firmar a fé cristã em terras recém-reconquistadas. Nomeada em homenagem a São Martinho de Tours, as ligações reais da igreja fizeram dela um pilar da comunidade de Sintra desde o início.

“Apenas ficou algumas paredes, mas essas incapazes de serviço.”

— Vigário da Paróquia, 1758, após o terremoto de 1755

🏰 Esplendor Gótico e Arte Renascentista

Reconstruída como um monumento gótico mais grandioso durante o século XIII, a igreja adquiriu características como uma abside poligonal e um alpendre de alvenaria, cujos vestígios permanecem até hoje. Na década de 1500, a chegada das reformas do Rei Manuel I introduziu o estilo manuelino, adicionando um coro alto e intrincados toques decorativos. A igreja alberga valiosas pinturas do século XVI, incluindo “São Martinho e o Mendigo”, atribuída a Diogo de Contreiras, refletindo o enriquecimento da paróquia durante o Renascimento português.

“Incluída a reconstrução da antiga igreja gótica de São Martinho.”

— Registo histórico sobre o desenvolvimento de Sintra por Manuel I

🌋 Terremoto, Ruína e Renovação Pombalina

Uma história duradoura envolve a devastação causada pelo Grande Terremoto de Lisboa em 1755. A igreja foi quase arrasada, perdendo-se as suas abóbadas medievais. No entanto, a comunidade de Sintra reconstruiu-se: sob o arquiteto Mateus Vicente de Oliveira, a Igreja de São Martinho renasceu em 1773 como um templo barroco-neoclássico imponente. Detalhes artísticos subtis, como os tetos com frescos de 1773 pintados por Joaquim José da Rocha e um órgão finamente trabalhado de 1776, deram ao interior uma vida e esplendor renovados.

🎨 Coração Cultural e Símbolo de Sintra

Durante mais de 800 anos, a Igreja de São Martinho permaneceu o centro espiritual e cívico da cidade, acolhendo batismos, festas e festivais, nomeadamente a feira de São Martinho. A torre sineira outrora regulava a hora local, uma presença familiar que ecoava por todo o vale. Nas últimas décadas, o seu órgão histórico e a arte renascentista atraíram tanto paroquianos como turistas culturais, fomentando uma ligação viva entre o passado e o presente de Sintra.

💡 Dica para Visitantes

Faça uma pausa no alpendre da igreja — apelidado de “a varanda de Sintra” — para uma bela vista sobre a praça histórica da cidade, e depois entre para admirar os tetos e painéis pintados seculares.

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Cronologia e Contexto

Cronologia Histórica

  • 1147–1154 – Igreja fundada após a reconquista de Sintra por D. Afonso Henriques.
  • 1283 – Igreja ganha estatuto formal de paróquia; estatutos aprovados em 1306.
  • Séc. XIII–XIV – Reconstruída como uma igreja gótica maior; construídas a abside e o alpendre.
  • Início do séc. XVI – Renovação manuelina sob o reinado de D. Manuel I.
  • Meados do séc. XVI – Adição de pinturas renascentistas e altares laterais.
  • 1755 – O Grande Terramoto de Lisboa devasta a igreja.
  • 1756–1773 – Reconstrução pombalina liderada por Mateus Vicente de Oliveira; adicionados frescos e órgão.
  • 1860 – A fusão da paróquia de São Miguel expande o alcance de São Martinho.
  • 1995 – Incluída no sítio de Património Mundial da UNESCO de Sintra.

Paróquia Medieval e Governança

A fundação da igreja como igreja real e paroquial logo após a Reconquista fez parte de um padrão mais amplo de construção de igrejas em Portugal para solidificar o domínio cristão. No final do século XIII, o estatuto de São Martinho foi elevado com a formação de uma Real Colegiada, única para uma pequena cidade, marcada por um coro de cónegos e ligações à catedral de Lisboa. Estas estruturas garantiram tanto a autoridade religiosa quanto a estabilidade económica através de dotações de terras e receitas paroquiais.

Mudança Arquitetónica ao Longo dos Séculos

A Igreja de São Martinho espelha a evolução mais ampla da arquitetura eclesiástica portuguesa: um início românico, expansão gótica, depois atualizações ornamentadas manuelinas e renascentistas, adequadas à mudança de gostos e iniciativas reais. A sua abside gótica sobrevivente, o coro manuelino e o altar lateral maneirista refletem todas estas ondas estilísticas. O terramoto de 1755 transformou completamente as paróquias do final da Idade Média, varrendo grande parte do tecido original e precipitando uma reconstrução pombalina funcional e digna com contenção neoclássica - um afastamento da exuberância barroca anterior vista noutros locais de Portugal.

Reconstrução Pombalina e Património Artístico

A era pós-terramoto, liderada pelo estadista Marquês de Pombal, impôs padrões rigorosos para a reconstrução. O projeto do arquiteto Mateus Vicente de Oliveira priorizou a resiliência e a beleza sóbria. A nova igreja ganhou não só força estrutural, mas também obras de arte significativas - nomeadamente os frescos geométricos do teto de Joaquim José da Rocha e o órgão de tubos de António Peres Fontanes. Estes, juntamente com os painéis pintados do século XVI que sobreviveram, garantiram que a paróquia mantivesse ligações contínuas à sua identidade em camadas.

Centralidade Sociocultural e Comunidade

Ao longo dos séculos, a Igreja de São Martinho funcionou não só como um monumento, mas como um coração ritual para o povo de Sintra. A festa anual de São Martinho, as tradições de tocar os sinos e o apoio das irmandades religiosas mantiveram a coesão social. Após a perda do seu estatuto colegial nos anos 1800, as novas realidades económicas viram a propriedade gerida para fins de caridade, hospitalidade e artes, moldando a vida cívica de formas que se estenderam muito para além do sagrado. As anedotas dos paroquianos - como o conto da "pedra que chora" de Margarida Fernandes - ilustram a forma como a lenda e a história se entrelaçam na memória comum.

Perspetiva de Património Comparativo

Comparada com a Igreja de Santa Maria de Sintra, que reteve mais das suas características góticas medievais, ou São Miguel, agora uma ruína, São Martinho destaca-se como um emblema tanto de perda como de renovação. A sua transformação resume a trajetória mais ampla de Portugal: crescimento medieval, embelezamento da idade de ouro, desastre e recuperação iluminada. Ao contrário da grandiosidade medieval preservada de Santa Maria ou do abandono de São Miguel, a adaptação contínua de São Martinho ecoa a resiliência das identidades religiosas e cívicas portuguesas.

Desafios Modernos e Conservação

Hoje, a Igreja de São Martinho enfrenta desafios típicos de um sítio de património: preservação relacionada com o clima, pressões urbanas do turismo de massas e equilíbrio do culto local com os visitantes globais. O seu reconhecimento no registo do património arquitetónico de Portugal e o seu lugar na listagem da UNESCO de Sintra sustentam a restauração contínua e a gestão adaptativa. Os esforços de conservação contínuos concentram-se na proteção dos frágeis fragmentos góticos, tetos pintados e painéis de pintura únicos - recursos que convidam tanto ao estudo académico quanto ao turismo cultural.

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