Castelo dos Mouros (Mourernes Borg)












Introdução
O Castelo dos Mouros, em Sintra, ergue-se sobre florestas envoltas em névoa e oferece vistas panorâmicas da costa atlântica de Portugal. Construído no início da Idade Média, esta notável fortaleza permanece como um símbolo do passado multifacetado de Sintra. Hoje, podemos percorrer as suas antigas muralhas e descobrir histórias de sentinelas mouras, colonos cristãos e séculos de lendas. Quer esteja a ensinar, a pesquisar ou simplesmente a visitar, o Castelo dos Mouros convida-nos a todos a viajar no tempo.
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Destaques Históricos
🏰 Fundações Antigas
O Castelo dos Mouros em Sintra ergue-se no topo da Serra de Sintra, com as suas muralhas de pedra a traçar uma história que começou com os construtores mouros do século VIII ou IX. Eles escolheram o pico pela sua posição estratégica—de onde se podia vigiar navios distantes e visitantes que se aproximavam das muralhas. Os arqueólogos encontraram evidências de um alcácer (cidadela fortificada) e um sistema de armazenamento de grãos talhado na rocha, o que sugere uma comunidade islâmica ativa dentro destas paredes.
“Artefactos encontrados neste local comprovam a profunda antiguidade de Sintra, agora denominada Bairro Islâmico.”
— Parques de Sintra
⚔️ O Castelo Muda de Mãos
Durante o século XI, o Castelo dos Mouros guardava as aproximações a Lisboa. Em 1147, após a captura de Lisboa pelas forças cristãs, diz a lenda que os defensores mouros do castelo desapareceram por túneis secretos, deixando apenas um homem idoso com as chaves. Os registos históricos revelam, no entanto, que a rendição de Sintra ao rei Afonso Henriques foi pacífica—colonos cristãos mudaram-se para lá e uma nova igreja paroquial foi construída dentro das muralhas.
“Trinta colonos residiriam e guardariam o castelo, usufruindo de terras e incentivos fiscais como recompensa.”
— Foral de Sintra de 1154
💔 Declínio & Redescoberta
No século XV, a importância militar do castelo desvaneceu-se. Os residentes locais mudaram-se para a parte baixa, e, curiosamente, uma pequena comunidade judaica encontrou refúgio entre as ruínas antes que os decretos reais forçassem a sua partida em 1497. O tempo e a natureza cobraram o seu preço—raios e o terramoto de 1755 danificaram o castelo, deixando-o aberto ao céu e à lenda local. No século XIX, viajantes e poetas tornaram as ruínas famosas, atraídos por histórias como a de Moura Zaida, a donzela moura encantada que se diz assombrar as suas pedras.
🎩 Revivals Românticos & Tempos Modernos
O rei Fernando II, da era romântica, arrendou o Castelo dos Mouros em 1839, determinado a reviver a sua aura medieval. Supervisionou as reparações, replantou bosques e até criou um monumento ossário com a inscrição: “O que o homem uniu, só Deus pode separar.” A conservação continuou ao longo do século XX, com escavações arqueológicas desde 1976 a descobrir cerâmica islâmica e um cemitério cristão medieval. Hoje, as robustas muralhas do local, a antiga cisterna e as vistas panorâmicas atraem centenas de milhares de pessoas todos os anos.
💡 Dica para o Visitante
Sapatos resistentes são obrigatórios—subir os 500 degraus de pedra até à Torre Real revela vistas deslumbrantes e uma observação atenta do antigo artesanato. Não perca o pequeno museu dentro das ruínas da capela para uma visão prática dos primeiros dias de Sintra.
Cronologia e Contexto
Cronologia Histórica
- Séc. VIII–IX – Construção do Castelo dos Mouros por colonos islâmicos.
- 1031 – Sintra cedida brevemente ao Rei Afonso VI de Leão antes de retornar ao domínio muçulmano.
- Final do séc. XI – Os Almorávidas retomam o controlo de Sintra.
- 1147 – Conquista cristã de Lisboa; Sintra rende-se pacificamente ao Rei Afonso Henriques.
- 1154 – O Foral de Sintra concede privilégios aos colonos cristãos que guardam o castelo.
- Séc. XII–XIV – Capela e cemitério cristãos estabelecidos; fortificações renovadas por reis posteriores.
- Década de 1490 – Comunidade judaica utiliza o castelo em ruínas até às expulsões de 1497.
- 1636 – Um raio danifica a torre de menagem.
- 1755 – O Grande Terramoto de Lisboa derruba paredes e o telhado da capela.
- 1839–1845 – Fernando II lidera a restauração Romântica.
- 1910 – É atribuído o estatuto de Monumento Nacional.
- 1939–Década de 1960 – Grandes restaurações para celebrações do património.
- 1976–presente – Trabalhos arqueológicos contínuos e interpretação do sítio.
- 1995 – Designação de Património Mundial da UNESCO para a paisagem cultural de Sintra.
Raízes Militares Mourocas
O Castelo dos Mouros representa uma fortaleza fronteiriça mourisca clássica. A sua construção seguiu a abordagem "soga e tissão" - alternando pedras longas e curtas, típico da arquitetura do início de al-Andalus. O castelo foi vital na defesa das abordagens a Lisboa, evidenciado pela sua localização e pela grande cisterna, que garantia água para os cercos. Embora a história oral afirme um templo celta anterior, a comprovada ocupação nas colinas de Sintra remonta à Idade do Ferro, apoiando o longo fascínio espiritual do sítio.
Reconfiguração Cristã e Fluxo Social
Após a entrega pacífica em 1147, o Rei Afonso Henriques incentivou trinta colonos cristãos a residir, incentivando a defesa e a ocupação. A igreja paroquial medieval (São Pedro de Canaferrim) tornou-se a primeira sede paroquial de Sintra, e a renovação contínua - por reis como Sancho I e Fernando I - manteve o castelo formidável até que a fronteira sul de Portugal se deslocasse. O declínio do século XV viu o enclave tornar-se um último refúgio para as comunidades judaicas marginalizadas antes da sua expulsão forçada sob o Rei Manuel I, um raro detalhe que sugere a história social em camadas do sítio.
Períodos de Ruína e Redescoberta
O abandono levou a décadas de negligência, com destruição parcial por um raio e o terramoto de 1755 acelerando a decadência romântica do castelo. O movimento Romântico do século XIX, inspirado pelo fascínio artístico pelas ruínas, viu Fernando II restaurar o castelo, equilibrando a precisão histórica com embelezamentos pitorescos - como árvores exóticas plantadas e novas vistas. Arqueologicamente, as intervenções variaram da consolidação de paredes ao enterro respeitoso de restos mortais desenterrados num monumento que uniu o património cristão e muçulmano sob uma única cruz.
Do Nacionalismo à UNESCO
Os esforços de conservação do século XX foram muitas vezes ligados a comemorações nacionalistas, mas o trabalho adaptou-se com novas perceções arqueológicas e valores públicos em evolução. Desde 1976, as escavações profissionais têm reunido as realidades quotidianas das comunidades islâmicas e cristãs que vivem dentro das muralhas - fornecendo evidências através de fundações de casas reveladas, cerâmica e um cemitério. Hoje, a Parques de Sintra supervisiona o castelo como uma ruína cuidadosamente estabilizada, equilibrando o acesso e a preservação num ecossistema de montanha frágil.
Significado Sócio-Cultural e Comparativo
O castelo é central para a identidade de Sintra, apresentado no seu brasão municipal e tecido no folclore. Lendas de túneis escondidos, donzelas encantadas e reis mouros enriquecem o património imaterial do sítio. Ao contrário dos grandes palácios de Sintra, o Castelo dos Mouros preserva a autenticidade de uma fortaleza militar medieval não polida. O seu perfil contra o céu, juntamente com as torres fantasiosas do Palácio da Pena, fornece uma ilustração visual dramática do nacionalismo romântico e das atitudes em evolução em relação ao património. A UNESCO reconhece o valor do Castelo dos Mouros não só como um artefato do passado islâmico e cristão de Portugal, mas como a âncora da paisagem cultural de Sintra - onde a natureza, a lenda e a história convergem.